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O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci depõe ao juiz Sergio Moro, em Curitiba |
BRASÍLIA - O depoimento de Antonio Palocci
é devastador para a defesa, a imagem e o futuro de Lula. Desta vez, o
ex-presidente não pode alegar que foi fritado por um empresário aflito
para sair da cadeia. Quem o jogou na fogueira foi um velho companheiro,
que atuou como figura-chave nos governos do PT.
Palocci afirmou à Justiça que Lula fechou um "pacto de sangue"
com Emílio Odebrecht, dono da maior empreiteira do país. Ele afirmou
que o "pacote de propinas" incluiria um terreno para o instituto do
ex-presidente, as reformas no sítio de Atibaia e a reserva de R$ 300
milhões.
De acordo com o ex-ministro, a relação "bastante intensa" da construtora
com os governos petistas teve um preço. A empresa teria recebido
vantagens em troca de "benefícios pessoais" e doações de campanha, via
"caixa um e caixa dois".
Preso há quase um ano, o petista já foi condenado a outros 12 por
corrupção e lavagem de dinheiro. Ele negocia um acordo de delação e
decidiu antecipar informações ao depor em um dos processos contra Lula.
A paulada de Palocci atinge o ex-presidente num momento em que ele
tentava trocar o papel de investigado pelo de candidato. O ensaio durou
pouco. Um dia depois de encerrar a caravana pelo Nordeste, Lula volta a
ser bombardeado pela Lava Jato.
As novas acusações ainda precisam ser comprovadas, mas já instalaram um
clima de desânimo no petismo. O ex-ministro é um dos políticos mais importantes da história do partido.
Idealizou a "Carta ao Povo Brasileiro", que embalou a campanha
vitoriosa de 2002, e pontificou como ministro da Fazenda (governo Lula) e
da Casa Civil (governo Dilma).
Em abril, Lula disse à Rádio Guaíba que não se preocupava com uma
possível delação do aliado. "Palocci é meu companheiro há 30 anos. É um
dos homens mais inteligentes deste país. E se ele resolver falar tudo o
que sabe pode, sim, prejudicar muita gente. Mas não a mim", afirmou.
Pois é.
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