(Bloomberg)
-- Os fundos de pensão do País precisam fazer mais para prevenir
conflitos de interesse quando contratam gestores de recursos externos
para ajudar a administrar um montante somado de R$ 870 bilhões em
ativos, disse o comandante da Previc, órgão responsável por
supervisionar o segmento.
A Superintendência Nacional de
Previdência Complementar está reforçando as regras de compliance após
diversos escândalos abalarem a confiança no setor.
Entre as regras
que entraram em vigor em maio está o maior rigor na supervisão das
decisões de investimento tomadas por executivos de fundos de pensão e de
seus relacionamentos com gestores de recursos externos que trabalham em
fundos multimercado, ou de hedge, e instituições financeiras.
"Estamos
buscando uma recuperação da credibilidade do setor", disse o
diretor-superintendente, Fábio Coelho, em entrevista à Bloomberg no Rio
de Janeiro, onde ofereceu um seminário para gestores de fundos de pensão
sobre as novas regras. "A indústria de fundos de pensões aqui no Brasil
está passando por um período de regras com mais controles."
Em
2016, quatro dos maiores fundos de previdência do País foram alvo da
Operação Greenfield, que investigou investimentos fraudulentos ou
imprudentes realizados pelas divisões de private equity dessas
instituições.
A Petros, fundo de pensão dos funcionários da
Petrobras, reduziu os pagamentos a aposentados no ano passado, após
investir em fornecedores de equipamentos para o setor petrolífero que
quebraram após o escândalo que ficou conhecido como Petrolão. O
Postalis, que serve os funcionários dos Correios, contratou um gestor
terceirizado que foi multado em setembro por investir recursos do fundo
em títulos da Venezuela e Argentina.
A Previc deseja aproximar o
aparato regulatório dos fundos de pensão ao de outros setores do sistema
financeiro nacional, explicou Coelho. Além das acusações de fraude,
surgiram "episódios recentes" de conflitos de interesses na seleção de
gestores externos, ele acrescentou.
"Tivemos uns processos de
escolha para gerentes de fundos não completamente transparentes",
revelou Coelho, sem identificá-los. "Fundos de pensões têm associações e
devem monitorar esses trabalhos de gestores terceirizados."
--Com a colaboração de Felipe Marques.
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