05 dezembro, 2014

04 dezembro, 2014

Congresso aprova texto principal de manobra fiscal, mas não conclui votação

Após quase 19 horas de sessão, o Congresso nacional aprovou nesta quinta-feira (4) o texto principal do projeto que viabiliza a manobra fiscal que permite ao governo fechar as contas deste ano. A votação, no entanto, não foi concluída. 

Deputados e senadores deixaram para analisar na terça-feira (9) a última mudança sugerida pela oposição ao projeto que autoriza o governo a descumprir a meta de economia para o pagamento de juros da dívida (o chamado superavit primário), estabelecida na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). 

Essa alteração proposta pelos oposicionistas quer limitar as despesas correntes discricionárias (que o governo pode escolher se executa ou não) ao montante executado no ano anterior. A ideia deve ser rejeitada pela maioria governista.

A votação não foi concluída devido ao esvaziamento da sessão pelos governistas. Com a maratona de discussão, na última votação, apenas 192 deputados registraram presença em plenário –sendo que o quorum mínimo era de 257 na Câmara e 41 no Senado. 

O líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS), tentou minimizar. "De qualquer maneira, é uma vitória extraordinária do governo", disse. O deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) provocou. "Não adiantou, morreram na praia". 

O cantor Lobão também se juntou aos manifestantes, porém, a entrada dele foi autorizada e ele foi recebido por parlamentares da oposição Leia mais
 
A aprovação da proposta é considerada prioridade zero do Planalto. A medida libera a presidente Dilma Rousseff de eventualmente responder por crime de responsabilidade, como acusava a oposição, por descumprir a meta dessa poupança, estabelecida na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). 

O projeto enviado pelo governo permite que desonerações tributárias e gastos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) sejam abatidos dessa meta de poupança. 

Com isso, a meta fiscal, de ao menos R$ 81 bilhões, deixa na prática de existir, e o governo fica autorizado até mesmo a apresentar um deficit. A nova previsão da meta de superavit é de pouco mais R$ 10 bilhões. 

A oposição fez de tudo para adiar a votação, recorrendo ao regimento para esticar os debates. Nas últimas três semanas, o Planalto tem enfrentado dificuldades impostas por sua própria base aliada, que atuou para adiar a discussão diante das insatisfações com a montagem da equipe para o segundo mandato de Dilma. 

O debate instalou um verdadeiro clima de guerra na Casa, com direito a troca de xingamentos entre parlamentares e até agressões físicas envolvendo seguranças. 

Para bancar a votação, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu ignorar as resistências dentro do próprio partido e passou por cima de manobras da oposição. Ele chegou a contar sua presença em plenário para confirmar o quorum de 41 senadores durante a madrugada. O texto principal foi aprovado com 240 votos favoráveis na Câmara e 60 anos contrários. 

Durante a madrugada, no entanto, petista acusaram Renan de ter relaxado no comando da sessão, abrindo espaço para a oposição impedir a conclusão dos trabalhos. 

Ao decidir tocar a sessão, Renan acabou expondo um racha entre as bancadas do PMDB na Câmara e no Senado. Os deputados do partido atuaram para deixar a toda a discussão da manobra para a próxima terça (9). A justificativa era de que o clima estava acirrado e que o governo corria o risco de sair derrotado. 

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), tentou costurar um acordo com a oposição para adiar a votação. Durante a sessão, o vice-presidente Michel Temer telefonou para ele. Foi possível ouvir o deputado informando que conversou com o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) sobre o adiamento da votação. 

Nos bastidores, a insatisfação dos deputados peemedebistas, seguida pelas bancadas do PP, Pros e PR, é com a montagem do ministério. 

Congressistas do PMDB reivindicam pastas com maior peso político, como Saúde e Integração, e discutem nomes –como Henrique Alves, que não terá mandato em 2015, e Eduardo Braga. 

Parlamentares justificaram que a dificuldade ensaiada pela base era resposta ao decreto de Dilma que condicionou o aumento na cessão de verbas para redutos eleitorais dos congressistas à aprovação da manobra fiscal. 

O governo acenou com a liberação de R$ 444 milhões. Com isso, cada parlamentar passa a ter mais R$ 748 mil em emendas, totalizando R$ 11,7 milhões no ano. 

O deputado Silvio Costa (PSC-PE) disse que presenciou telefonemas do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) pedindo para parlamentares paulistas aprovarem a manobra. Ninguém do PSDB questionou a informação. 

Presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) afirmou que, nas eleições, Dilma teria dito que teria condições de cumprir o superávit primário previsto no início do ano. 

"Perdemos a eleição, mas não perdemos a condição de sermos oposição a esse governo que tem cometido irresponsabilidades atrás de irresponsabilidades". 

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) reforçou as críticas. "Não venham os senhores com esse contorcionismo mental [...]. Não me venham com conversa, não me venham com lorotas", disparou. 



Dilma colou um código de barras no Congresso

Numa sessão encerrada às 4h58 da madrugada desta quinta-feira, após 19 horas de embates, o Congresso Nacional aprovou o texto-base do projeto de lei que autoriza o governo a fechar as contas públicas de 2014 no vermelho. Por ausência de quórum, faltou votar uma emenda ao texto principal. Haverá nova sessão na próxima terca-feira. Mais cinco dias para que os adversários e, sobretudo, os aliados do governo tirem mais algumas lascas da imagem de Dilma Rousseff.

Praticamente concluída, a votação desce à crônica do primeiro mandato de Dilma como uma prova da eficiência do governo. Ele fixou a meta de superávit fiscal, ele mesmo descumpriu a meta e ele mesmo se absolveu, arrancando do Congresso uma lei que o desobriga de cumprir a meta.

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Sessão do Congresso tem socos, tumulto e protestos

3.dez.2014 - O cantor Lobão chegou ao Congresso Nacional na manhã desta quarta-feira (3) para apoiar os manifestantes que foram expulsos das galerias em sessão tumultuada nesta terça (2). Ele conseguiu furar o bloqueio imposto pela Polícia Legislativa aos cerca de 50 manifestantes e foi recebido pelo deputado Mendonça Filho (DEM-PE), Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS) Leia mais Leandro Prazeres/UOL
 
Para obter do Legislativo a decisão que a livrará de um eventual enquadramento no crime de responsabilidade, Dilma paga um preço. Pelo alto, negocia ministérios com cardeais dos partidos governistas. Na planície, brindou o baixo-clero parlamentar com um decreto liberando R$ 444 milhões em emendas ao Orçamento da União.

Cada deputado e senador passou a dispor de uma mesada de R$ 748 mil para aplicar em obras nos seus redutos eleitorais. Coisa de R$ 11,7 milhões por ano. Tudo isso condicionado à aprovação da manobra fiscal. Foi como se Dilma grudasse no plenário do Congresso um código de barras.

Como se sabe, nem todos os parlamentares estão sujeitos ao suborno. Mas 90% dos quadros do Parlamento dão aos 10% restantes uma péssima reputação. De resto, ao fixar num decreto o valor de cada voto —coisa inédita na história do fisiologismo nacional—, Dilma deixou claro que não faz questão de tirar da nova lei a marca do preço.

Além de rebaixar o teto de um Congresso que não consegue aumentar sua estatura, Dilma ministra um grande ensinamento aos 27 governadores e aos mais de 5 mil prefeitos de todo país: governar é desenhar com borracha. Ficou entendido que a Lei de Responsabilidade Fiscal só vale até certo ponto. O ponto de interrogação. Guiando-se pelo exemplo federal, gestores estaduais e municipais que flertarem com a irresponsabilidade fiscal poderão reivindicar o direito de desfritar um ovo.

Blog do Josias

03 dezembro, 2014

Congresso: tratoraço do lado de dentro e manifestantes do lado de fora

Publicado em 3 de dez de 2014
O presidente do Senado, Renan Calheiros, faz o serviço encomendado pelo Planalto e coloca a base para baixar a espinha, obedecer a presidente e aprovar o fim da meta fiscal na LDO. Do lado de fora confusão. Manifestantes são impedidos pela polícia de entrar na Casa de Leis.

Coletiva Aécio Neves - PT precisa reaprender a conviver com o povo nas galerias

Publicado em 2 de dez de 2014
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), defendeu nesta terça-feira (2) os brasileiros que foram ao Congresso protestar contra o PLN 36, projeto que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e livra a presidente Dilma Rousseff de cumprir a meta fiscal de 2014.

Resumo do Jornal Asas em 3-12-14


Notícias da CASSI


            Notícias preocupantes nos chegam através de eleitos de nossa Caixa de Assistência.  Segundo informações, a última reunião do Conselho Deliberativo da CASSI na semana passada, onde o tema SUSTENTABILIDADE foi discutido, foi muito tensa. Surpreendentemente o Banco se se manifestou pelo aumento das contribuições dos associados e fim do PAS e do PAF. Sua contribuição permaneceria a mesma.

            Como de hábito, usando de uma estratégia ardilosa e imoral, o Banco do Brasil abre discussões da espécie apontando os piores cenários. Revela-se agora, sem sombra de dúvida, que a negociação que resultou nas alterações estatutárias de 2007 embutia a clara intenção do Banco do Brasil em ver-se livre do Plano Associados da CASSI. Pela proposta aprovada, o BB aplicou na Cassi R$ 300 milhões. O aporte financeiro foi feito para recompor as reservas da entidade e investir em serviços próprios. Metade deste valor foi pago em 2007 e o restante em três parcelas de R$ 50 milhões, corrigidos pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor. No entanto, embutiu no Artigo 16 a fixação de sua contribuição em 4,5%. No Estatuto anterior, sua contribuição sempre seria uma vez e meia à do associado.

Vejam:
“Art. 16.      A contribuição mensal do patrocinador Banco do Brasil S.A., devida exclusivamente aos associados descritos nos incisos I a III do Art. 6º, bem como de seus dependentes previsto no § 3º do Art. 12, deste Estatuto, devidamente inscritos do Plano de Associados, é de 4,5% (quatro e meio por cento), e não excederá este limite, sobre o valor total dos benefícios de aposentadoria ou pensão, ou dos proventos gerais, na forma definida no regulamento do Plano de Associados e no contrato previsto no Art. 85, excluídas quaisquer outras vantagens extraordinárias e, uma vez por ano, a 4,5% (quatro e meio por cento) sobre a gratificação natalina.
 
Parágrafo único: A responsabilidade do patrocinador junto à CASSI limita-se à contribuição prevista no caput deste artigo.”
 
No Estatuto anterior a regra era:
“Artigo 21 – A contribuição mensal do plano de associados é calculada com base nos seguintes parâmetros:
(....)
 
Parágrafo único: A contribuição mensal do empregador equivale a 1,5 (uma vez e meia) o total arrecadado dos associados e dos beneficiários de pensão, (...)”
 
Assim, a ameaça do Banco do Brasil de que, para assegurar a sustentabilidade, nós, associados, devemos elevar nossas contribuições enquanto ele, BB, mantém seus 4,5%, era previsível e se mais uma vez cedermos a essa chantagem podemos estar certos de que o céu é o limite para nossas contribuições.
 
A proposta que o funcionalismo aprovou em 2007, em troca da isonomia da contribuição foi:
 
Medidas Financeiras:
• Repasse de R$ 300 milhões (R$ 150 milhões em 2007 e três parcelas* de R$ 50 milhões nos anos subsequentes)
• Contribuição patronal de 4,5% com limitação estatutária da responsabilidade do BB a este percentual, também retroativa a janeiro/2007
• Assunção do déficit dos Dependentes Indiretos, retroativa a janeiro/2007
• Implantação de contribuição sobre o valor do 13º salário (3% do funcionário e 4,5% do BB).

Manutenção das atuais coparticipações (30% sobre consultas, visita domiciliar, sessão psicoterápica e acupuntura) e a  instituição da  coparticipação de 10% em eventos não hospitalares, limitada a 1/24 do salário bruto mensal, ficando isentos(as):

•  transfusões de sangue
• radioterapia
•hemodiálise/diálise
• quimioterapia
•tratamento de portadores de deficiência - art. 81 TGA
• oxigeno terapia hiperbárica no tratamento de queimados
• tratamentos vinculados a doenças do trabalho
•cirurgias e tratamentos ambulatoriais

Medidas relativas a gestão da CASSI

• Extinção da Assembleia de Representantes
 

• Eleição direta para Diretor de Saúde e Diretor de Planos de Saúde e     Relacionamento com Clientes
• Representação paritária nos Conselhos Fiscal e Deliberativo
• Ampliação dos Conselhos Fiscal e Deliberativo (para 6 e 8 membros, respectivamente)
• Decisões por maioria absoluta em todas as instâncias
• Transferência das competências de natureza operacional do Conselho            Deliberativo para a Diretoria Executiva
• Definição de funções e atribuições estatutárias para as Diretorias (assim como na Previ)


Na época das discussões relativas a Reforma Estatutária, a FAABB através de suas Associações recomendou primeiramente a ABSTENÇÃO para, em não dando quorum, forçar o Banco do Brasil a reabrir o processo negocial, pois víamos a fixação dos 4,5% como um risco potencial futuro.  A estratégia deu resultado. A primeira votação para as mudanças no estatuto da Cassi terminou em 30 de abril de 2007. Na primeira consulta, no total, 59.204 associados votaram favoráveis à proposta final do novo Estatuto da CASSI.

Para aprovação de reforma estatutária da Caixa de Assistência em 1ª consulta, eram necessários os votos favoráveis de 95.905 associados (2/3 dos associados, que representam um total de 143.858). Como esse resultado não foi obtido, o estatuto vigente à época previa que as propostas de alterações no documento podem ser aprovadas em segunda consulta, desde que esta apresente o quórum de votantes de metade do total de associados, mais 1 (um), e, destes, 2/3 (dois terços) votem favoravelmente. A segunda consulta foi realizada entre 21 de maio e 1º de junho daquele ano.

Veja o resultado da 1ª consulta:


Em segunda votação, em que pese a resistência da maioria das Associações de Aposentados filiadas à FAABB, o Estatuto da Cassi foi aprovado depois de dez dias de votação. Ao todo, 81,7 mil associados disseram sim às mudanças, número que corresponde a 80,15% dos votos. Disseram não 16.183 (15,88%), enquanto 1.868 votaram em branco (1,83%) e 2.189 anularam (2,15%). Lamentavelmente a participação do aposentado no pleito foi ínfima:
Ativos: 70.894 votos
Sim – 52.634 (74,24%)
Não – 14.357 (20,25%)

Brancos – 1.792 (2,53%)
Nulos – 2.111 (2,98%)

Aposentados: 31.046 votos
Sim – 29.066 (93,62%)
Não -1.826 (5,88%)
Brancos – 76 (0,24%)
Nulos – 78 (0,25%)

Este breve histórico tem o objetivo de equalizar as informações para que todos saibam o que está em jogo. Não adianta chorar sobre o leite derramado. O funcionalismo trocou um estatuto que, embora falho, nos dava alguma garantia, por outro que, se trouxe recursos financeiros para a Cassi, onerou os associados com as coparticipações e, principalmente, permitiu que o Banco colocasse um limite à sua responsabilidade: 4,5%.

Lamentável é a constatação de que as medidas saneadoras não tenham surtido o efeito esperado, seja por falhas na gestão, seja pelo custo saúde historicamente crescente no país.

Nossa Cassi corre risco. Um projeto inovador, idealizado pelos trabalhadores, está sendo sufocado pelo poder opressor do Patrocinador, Banco do Brasil. Constituída em 1944 como associação de ajuda mútua, baseada no princípio de solidariedade, segundo o qual cada participante contribuía  com base em sua remuneração, ou seja, dentro de suas possibilidades, e utilizava seus serviços na medida de suas necessidades. Seu objetivo era o de reforçar a assistência médica prestada pelo Banco do Brasil e pelo ex-IAPB.

Posteriormente a associação à Cassi passou a ser obrigatória e a rescisão do contrato de trabalho  acarretava a automática exclusão do quadro social.

 A matéria foi codificada na CIC-FUNCI. Constava do item 7 – Ingresso nos quadros do Banco, com a seguinte redação: “Ressalvado o disposto na CIC-FUNCI 2-3-6-“d” e “e”, o ingresso na CASSI e PREVI, inclusive CAPEC é condição do contrato de trabalho.”

A contribuição dos associados, inclusive aposentados, era de 1% dos proventos totais e a do Banco era de dois por um da contribuição dos associados.

            A Cassi não tinha empregados. Os médicos, enfermeiros e o pessoal burocrático, eram funcionários do Banco.  Os funcionários eleitos para cargos de direção na CASSI eram cedidos pelo Banco sem ônus, percebendo o salário do posto efetivo acrescido de adicional de função.

             Por tais características, a assistência médico-hospitalar, prestada pelo banco como empregador, integrava do contrato de trabalho, constituía direito adquirido (na forma codificada na CIC-FUNCI) e não poderia ser modificada unilateralmente.

            Entendemos que devemos pautar para que a direção do Banco do Brasil, antes de qualquer decisão, reflita sobre as excepcionais vantagens por ele obtidas desde a Reforma Estatutária de 1996, pois essas vantagens mais do que justificam uma moderação de sua parte. Alertamos que a sua tentativa de continuar onerando apenas os associados, sem honrar suas obrigações, pode conduzir a Cassi a um impasse.

O Banco, além de assumir os encargos relativos aos Diretores por ele indicados, também deve colaborar para que a remuneração dos eleitos e nomeados retorne aos patamares anteriores à reforma estatutária de 1996. Não se justifica a manutenção da remuneração atual em uma empresa deficitária, cujos associados vêm sofrendo contínua redução salarial e dos benefícios de aposentadoria e pensão. Afinal, em qualquer empresa deficitária a primeira providência consiste em reduzir o privilégio dos diretores.

Afigura-se lícito que o banco deixe de cobrar aluguel das instalações que cede à Cassi no país e também deixe de cobrar comissão pelos serviços bancários prestados à Cassi, pois tais concessões não lhe acarretarão nenhum ônus.

A FAABB está conclamando suas filiadas e as demais Entidades do funcionalismo para que promovam urgente um Fórum de discussão para que possamos enfrentar o déficit crescente da CASSI discutindo as possibilidades, mas sem abrir mão da responsabilidade do Banco do Brasil,  sobre nossa saúde.

Por outro lado, estamos à véspera da posse de um novo Governo do PT. Devemos procurar os parlamentares ligados aos funcionários do Banco do Brasil, na tentativa de sensibilizá-los para nossas reivindicações. Nessas eleições foram eleitos colegas do BB, a saber:
Deputados Federais:
-Augusto Carvalho (DF)
- Darci Pompeo de Mattos (RS)
- José Orcírio Miranda dos Santos - Zeca do PT - (MS)

Esses eleitos se juntam a parlamentares que continuam com mandato, como o Deputado Berzoini e o Senador José Pimentel. É fundamental envolvermos a “Bancada do BB” no Congresso Nacional para as nossas discussões.

Atenciosamente,
Isa Musa de Noronha

02 dezembro, 2014

Elite branca do B

"É mais fácil enganar as pessoas do que convencê-las de que foram enganadas "

Um amigo que veio do exterior estava surpreso com o Brasil. Soube da campanha eleitoral, da luta contra a elite branca, dos filmes mostrando como um banqueiro iria tirar a comida da mesa dos pobres. Ao chegar, encontra a vencedora procurando alguém do mercado, com capacidade para ajustar suas contas, que por sinal bateram um recorde negativo em outubro: R$ 8,13 bilhões negativos nas transações correntes.

Como explicar isso? Respondi que os números falavam por eles próprios. Ou melhor, começaram a falar depois das eleições, porque muitos deles foram, devidamente, engavetados durante a campanha. E as famílias pobres diante da mesa de jantar? A lógica implacável dos números acaba impondo do PT o que mais estigmatizava no adversário: um fazedor de contas, alguém que não espanque a aritmética.

Mais surpreendente ainda é a possível escolha de Kátia Abreu para a Agricultura. O amigo leu no “Guardian” sua primeira entrevista dela. Kátia disse que seu modelo político era Margaret Thatcher. E o repórter concluiu que combaterá os ecologistas como Thatcher combateu os mineiros em greve. Para isso não tenho grandes explicações. Conheci Kátia no Congresso e tanto com ela como com Ronaldo Caiado tive discussões produtivas. Não acredito que veja no meio ambiente um entrave ao progresso, como Dilma, naquele célebre ato falho em Copenhague. Mas as pessoas mudam. Não entendo como se espelhar em Thatcher e querer subir na carreira política sem conhecer melhor a trajetória da mulher que a inspira sua jornada.

Thatcher jamais mudou de partido e dificilmente entraria num governo no auge de um escândalo de proporções mundiais, o maior das democracias ocidentais, segundo o “New York Times”.

Ela pode usar uma bolsa a tiracolo, como Thatcher, mas seu programa é muito distinto dos conservadores ingleses, ainda hoje no poder. Eles têm uma das políticas ambientais mais avançadas do mundo. Talvez em outras entrevistas ela possa se explicar melhor. A impressão que o “Guardian” transmitiu era de que o meio ambiente e os grupos indígenas seriam um obstáculo para o projeto de Kátia: superar os EUA na produção de alimentos. Ela sabe que grande parte dos problemas tem solução negociada, e a própria ciência pode ser uma excelente referência para definirmos o caminho de um crescimento sustentável. Grandes dramas como a crise hídrica envolvem, por exemplo, a agricultura e toda a sociedade brasileira: não há bala de prata nem dama de ferro que dê conta deles.

O tom da reportagem assusta. Mas não deixa de ser irônico, concluí para o amigo que chega: o grande fantasma da campanha de Dilma era a elite branca e agora nos oferecem um diretor de banco e uma discípula de Margaret Thatcher numa versão tropical. Só mergulhando na nossa cultura política para tornar isso ao menos inteligível. O PT tem o hábito de dividir o país; pobres contra ricos, regiões contra regiões.

Mas quando a situação aparece com mais complexidade, precisa de novas subdivisões. Daí a necessidade de uma elite branca do B. A mesma subdivisão já aplicada à direita: uma direita como Ronaldo Caiado e uma direita do B, Paulo Maluf, Jader Barbalho, Newton Cardoso. Ninguém deve, portanto, temer ser considerado de direita ou da elite branca. Há sempre a escolha: elite branca do B ou direita do B. Uma política econômica sensata é o que precisamos, inclusive nesta conjuntura internacional. Seria algo estável no horizonte, porque os céus da política indicam tempestade.

O escândalo do Petrolão deve deixar inúmeras marcas. A própria imagem internacional do Brasil está em jogo. O momento é especial porque entramos num pesadelo de cifras. Todos os protagonistas levando milhões, até as formigas no Espírito Santo custaram R$ 67 milhões à Petrobras. Sessenta e sete milhões para as formigas, 200 para um subgerente, quanto não desapareceu nesse circuito?

Os malabaristas terão trabalho para explicar. Sua tática é sempre sumir no tempo e na multidão, com duas frases típicas: sempre foi assim, todo mundo faz. Houve corrupção na Petrobras em governos anteriores. Mas nada se compara ao uso sistemático da empresa para alimentar partidos políticos. O argumento de que sempre foi assim e todos fazem assim é a maneira de nos ejetar do aqui e agora e mergulhar num espaço mítico. Aliás, esta ideia de que sempre foi assim lembra um pouco da rigidez da morte. É só nela que não existem caminhos de renovação. Enquanto os petistas estiverem escondidos nas dobras do tempo e na multidão de corruptos, será difícil abordá-los.

Creio que é de Mark Twain esta frase: é mais fácil enganar as pessoas do que convencê-las de que foram enganadas. Compreender o Petrolão é uma dura tarefa. Se falharmos, o Brasil vira uma espécie de buraco negro. No espaço, esses buracos são uma singularidade gravitacional: não valem na sua proximidade as leis da física. Aqui embaixo, buracos negros são os países onde não valem as leis do Código Penal.
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Resumo do Jornal Asas até 02-12-14

O FIM NUM IMENSO BOCEJO
  • 'Todo mundo tomou porrada na Bolsa', diz Geraldo S...
  • Aqui entre nós com Reinaldo Azevedo
  • Maior mineroduto do mundo começa a funcionar em me...
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  • Conrado deixa a presidência da Previ rumo à aposentaria

    Após dois anos conduzindo o maior fundo de pensão da América Latina, a Previ, Dan Conrado agora vai dedicar boa parte do tempo a pilotar algo bem diferente: sua moto Harley-Davidson - o único luxo a que se permite na vida, costuma dizer. Na sexta-feira, o executivo se despediu do escritório do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, no Rio, rumo à aposentadoria.

    Com 50 anos recém completados em junho, Conrado já é elegível a aposentadoria depois de 35 anos de trabalho nas empresas do BB. Ele começou como menor aprendiz no banco público, aos 15 anos. "Por enquanto, vou curtir uma agenda mais 'light'. Já tive algumas sondagens para atuar como conselheiro de algumas empresas e vou avaliar", disse Conrado ao Valor. "É tentador o apelo de não precisar acordar cedo, fazer a barba e colocar gravata." No BB, ele ocupou diversas superintendências estaduais, o que, por muitos anos, o obrigou a estar sempre na estrada, visitando os municípios onde o banco tem agências. A rotinaomantinhaafastadodecasae impunha sacrifícios à família.

    A indicação de um novo presidente para o fundo de pensão deve ser feita depois que a presidente Dilma Rousseff anunciar as mudanças no comando dos bancos estatais. O BB é quem indica o nome para a presidência da Previ, que é chancelado pelo conselho deliberativo do fundo de pensão. Até lá, Marco Geovanne, diretor de participações da fundação que também é indicado pelo banco, vai ocupar a cadeira da presidência.

    Conrado diz que sua saída não está relacionada às mudanças no cenário político e contou que adiou a aposentadoria por alguns meses devido às mudanças que a diretoria da Previ passou neste ano. Em abril, Renê Sanda também se aposentou e deixou a diretoria de investimentos, agora ocupada por Marcio Hamilton Ferreira. Em junho, houve a troca dos dois diretores eleitos pelos participantes: Cecília Garcez assumiu a diretoria de administração, e Décio Bottechia Júnior, a de planejamento.

    Conrado seria próximo dos executivos mais cotados para assumir o comando do BB, segundo pessoas próximas à fundação. O nome mais cotado para a presidência do banco é do atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Caffarelli, segundo apurou o Valor. Outra possibilidade seria o atual vice-presidente de negócios do BB, Alexandre Abreu, mas este estaria mais cotado para a presidência do BNDES.

    Conrado também é presidente do conselho de administração da Vale, indicado pela Previ, que faz parte do acordo de acionistas da companhia.

    O executivo disse que vai permanecer no cargo até o fim de seu mandato, em abril de 2015. Ele também comanda o conselho deliberativo da Abrapp, associação que reúne os fundos de pensão brasileiros. Essa cadeira, ele deve deixar em breve.

    Com um estilo "low-profile", Conrado sempre deu poucas entrevistas à imprensa. A estratégia fazia parte do "grande trabalho" que, segundo ele, precisava fazer: o de "blindar" a Previ das acusações de ingerência política em fundos de pensão de empresas estatais.

    "Havia acusações de que a Previ tinha feito maus negócios, mas não frequentamos nenhuma manchete sobre perdas com bancos que quebraram, nem de investimentos em debêntures de empresas que desapareceram", diz. Segundo ele, a equipe da fundação é bem qualificada e formada por funcionários de carreira do banco.

    Uma coisa que também costumava irritar o executivo era tratar o fundo apenas como um investidor institucional. "Olham para nós como investidores, mas nosso negócio principal é pagar benefícios", diz. Em 2013, a fundação pagou R$ 9,2 bilhões aos mais de 90 mil aposentados e pensionistas.

    Conrado defende a simplificação da legislação do setor e incentivos fiscais aos trabalhadores que aderirem a fundos de pensão. "A indústria não tem crescido nem em número de participantes nem de empresas [patrocinadoras]", afirma. Segundo ele, é necessário que a Abrapp tenha uma agenda com o governo para o fomento do setor. "Incentivar fundos de pensão é aumentar a poupança interna.

    No mundo todo, eles são grandes financiadores por meio da poupança gerada por pessoas e empresas", comenta.

    Conrado deixa a Previ com um patrimônio de R$ 170 bilhões e superávit de R$ 24 bilhões. "O fundo está preparado para enfrentar períodos de maior volatilidade de mercado", diz ao ser questionado sobre os desafios com o baixo crescimento econômico do Brasil e o aumento dos juros nos EUA, o que deve pressionar o preço de ativos.

    "Mas não se pode pensar em previdência no curto prazo. Temos que saber que vamos ter anos muito bons e anos não muito bons."


    Valor Econômico - 01/12/2014