Último dia da votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff
O plenário do Senado aprovou o impeachment
 de Dilma Rousseff (PT). Com isso, Michel Temer (PMDB) deve ser 
empossado ainda nesta quarta-feira (31) de maneira definitiva como 
presidente da República para cumprir o mandato até o final de 2018. 
A decisão, anunciada às 13h36min desta quarta, ocorreu quase nove meses 
após o início da tramitação do processo na Câmara dos Deputados e três 
meses e meio depois do afastamento provisório de Dilma. 
Por 61 votos a 20, o Senado condenou a petista por crime de 
responsabilidade pelas chamadas "pedaladas fiscais", que são o atraso no
 repasse de recursos do Plano Safra a bancos públicos, e pela edição de 
decretos de créditos suplementares sem aval do Congresso. Foram 7 votos a
 mais do que o mínimo necessário -54 das 81 cadeiras do Senado. 
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que vinha fazendo 
mistério se votaria ou não, acabou optando pela cassação da petista. 
Na sequência, os senadores votaram pela manutenção do direito de Dilma 
exercer funções públicas. Ainda não está claro se poderá disputar cargos
 eletivos. A permissão para concorrer em eleições pode virar discussão 
judicial em caso de registro de candidatura. 
Foram 42 votos pela perda do direito de exercer funções públicas, 12 a 
menos do que seria necessário. Votaram contra 36 senadores e houve 3 
abstenções. 
Em São Paulo, foram registrados fogos de artifício na região da av. 
Paulista (região central) e buzinaço em Higienópolis (zona oeste). No 
plenário, senadores pró-impeachment cantaram o hino nacional. 
Essa é a segunda vez na história que um processo de impeachment resulta 
na queda do chefe do Executivo. Sob suspeita de corrupção, Fernando 
Collor de Mello (1990-1992) renunciou horas antes da votação do seu 
processo, mas o Senado decidiu à época concluí-la, o que culminou na 
condenação por crime de responsabilidade. 
Dilma, 68, se torna o sexto presidente da República eleito para o cargo 
pelo voto direto a não concluir o mandato. A decisão também interrompe 
um ciclo de 13 anos e meio de gestão do PT, iniciado com Luiz Inácio 
Lula da Silva em 2003. O partido deixa o poder sob forte abalo e com 
algumas de suas principais lideranças em xeque. 
A defesa de Dilma pretende recorrer
 da decisão do Senado ao STF (Supremo Tribunal Federal) alegando vícios 
no processo, embora, na avaliação de ministros da corte, sejam pequenas 
as chances de que consiga algum êxito. 
Eleito vice-presidente na chapa de Dilma, Michel Temer deve gravar 
pronunciamento à nação em cadeia de rádio e TV, a ser veiculado ainda 
nesta quarta. Após a posse, ele deve viajar para a China, para o 
encontro do G-20. 
| Ueslei Marcelino - 29.ago.16/Reuters | ||
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| A agora ex-presidente Dilma Rousseff durante sessão no Senado nesta segunda (29) | 
MAIS VELHO
Temer é o 41º ocupante do cargo. Aos 75 anos, torna-se o mais velho presidente a tomar posse e o primeiro paulista a assumir o cargo em 110 anos
 –ele é natural de Tietê. Antes de chegar ao Planalto, foi presidente da
 Câmara dos Deputados por três vezes e deputado federal por seis 
mandatos. 
A equipe de Temer diz que ele tem agora três missões para fazer um bom 
governo e conseguir alavancar sua até agora baixa popularidade. A 
primeira é mudar a trajetória do endividamento público. A segunda, fazer
 o país sair da recessão e a terceira viabilizar a volta do crescimento e
 promover a retomada da geração de emprego. 
Para isto, conta com a aprovação de suas propostas de ajuste fiscal no 
Congresso, que hoje lhe é majoritariamente fiel. A principal delas é a 
que estabelece um congelamento dos gastos federais pelos próximos 20 
anos. Há a previsão do lançamento no dia 12 de setembro do programa de 
concessões e privatizações, com medidas regulatórias para destravar e 
incentivar investimentos. 
MARATONA
A sessão que culminou com o impeachment de Dilma durou sete dias. Teve 
início na quinta-feira (25) com a tomada de depoimentos de testemunhas 
de acusação e defesa. Como previsto na legislação, o presidente do STF, 
Ricardo Lewandowski, comandou essa fase do processo. 
Os depoimentos tomaram três dias de trabalho em períodos que duraram 
mais de 15 horas cada um. Na segunda-feira (29), Dilma apresentou 
pessoalmente ao Senado a sua defesa em um discurso de 47 minutos.
 Da tribuna, negou ter cometido crime de responsabilidade e afirmou ser 
vítima de um golpe e da chantagem de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), 
ex-presidente da Câmara. 
Depois de discursar, Dilma permaneceu mais de 13 horas no plenário da Casa respondendo a questionamentos de 47 senadores. 
A sessão contou com a presença de Lula, de políticos aliados de Dilma, de personalidades como o compositor Chico Buarque
 e de líderes de movimentos pró-impeachment. A ofensiva de Dilma, no 
entanto, não foi capaz de convencer senadores indecisos ou com posição 
favorável ao impeachment a aderir a uma volta de um governo dela. 
A conclusão do processo só se deu depois de um debate entre os advogados de defesa e acusação e de discursos de 65 senadores. 
VERSÕES
Apesar da conclusão do julgamento, os dois lados envolvidos dão sinais 
de que continuarão a disputa pela forma como a História registrará esse 
processo. 
Dilma e seus aliados dizem ser vítimas de um "golpe parlamentar" 
orquestrado pelo grupo político de Temer, pela oposição ao seu governo 
(notadamente PSDB e DEM) e por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje deputado 
afastado e um dos principais acusados de envolvimento no escândalo do 
petrolão.
Foi Cunha quem deflagrou a tramitação do impeachment,
 em dezembro, após fracassarem negociações entre ele e o governo Dilma 
para que seu processo de cassação fosse enterrado na Câmara. 
Já Temer e seus aliados defendem a tese aprovada pelo Congresso de que 
Dilma cometeu os crimes atribuídos a ela na acusação protocolada em 2015
 pelos advogados Janaína Paschoal, Miguel Reale Jr. e Hélio Bicudo. 
PROBLEMAS
Desde que iniciou o seu segundo mandato, Dilma enfrentou diversos 
problemas econômicos, políticos e éticos, agravados pela corrosão em sua
 base de apoio ocorrida em parte pela tentativa de implantação de um 
ajuste que contrastava com a campanha em que, por estreita margem, havia
 derrotado o tucano Aécio Neves, em 2014. 
Já em fevereiro de 2015 sofreu uma importante derrota com a eleição de 
Cunha para a presidência da Câmara. De aliado incômodo, o peemedebista 
passou rapidamente para adversário declarado, comandando seguidas 
derrotas legislativas ao governo da petista. 
Aliado aos péssimos resultados na área econômica, surgiram 
significativos movimentos de rua que pediam a sua saída –o protesto de 
março de 2016 na avenida Paulista (cerca de 500 mil pessoas) foi o maior
 ato político já registrado em São Paulo, superando inclusive a 
principal manifestação pelas Diretas Já, em 1984. 
No campo das investigações de corrupção, a Operação Lava Jato
 atingiu o coração do governo e do PT, principalmente após a revelação 
da delação em que o então líder do governo no Senado, Delcídio do 
Amaral, acusava Dilma e Luiz Inácio Lula da Silva, antecessor e padrinho
 político de Dilma, de participação em irregularidades. 
O índice de popularidade de Dilma bateu, então, recordes negativos. 
SAIBA QUAIS SENADORES VOTARAM CONTRA E A FAVOR
SAIBA QUAIS SENADORES VOTARAM CONTRA E A FAVOR
FOLHA
 

 
 
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