O pagamento de dinheiro desviado da Petrobras a congressistas do PP
provocava brigas e obedecia a uma espécie de tabela de preços
proporcional à força política de cada um, disse o doleiro Alberto
Youssef, em delação.
O STF acolheu a abertura de inquérito contra 18 deputados e 3 senadores do PP, sigla campeã em investigados.
Segundo o doleiro, líderes do PP recebiam entre R$ 250 mil e R$ 500 mil
por mês, enquanto "demais parlamentares recebiam entre R$ 10 mil e R$
150 mil conforme sua força política dentro do partido".
Youssef era o operador do PP na diretoria de Abastecimento, então sob
Paulo Roberto Costa. Ele intermediava propina de empreiteiras a Costa.
Um percentual ia para o PP.
O esquema foi montado pelo ex-deputado José Janene e se manteve após sua
morte, em 2010. Conforme o doleiro, Janene distribuía os recursos no
PP, dando as maiores quantias aos líderes Mário Negromonte (BA),
ex-ministro e hoje no Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia; João
Pizolatti (SC) e Pedro Corrêa (PE), ex-deputados; e Nelson Meurer (PR),
deputado.
Após a morte de Janene, Negromonte é apontado por Youssef como o novo
líder do grupo. A entrega de dinheiro a ele chegou a ser feita em seu
apartamento funcional, em Brasília, e em sua casa, em Salvador, disse o
doleiro.
Quando o grupo de líderes tomou o comando, passou a sobrar menos dinheiro para os demais, disse Youssef.
Houve então rebelião de um outro grupo, que tomou o comando –formado
pelos senadores Ciro Nogueira (PI) e Benedito Lira (AL) e pelos
deputados Arthur Lira (AL), Eduardo da Fonte (PE) e Aguinaldo Ribeiro
(PB), ex-ministro.
O novo grupo decidiu afastar o doleiro. "Os parlamentares informaram que
não havia mais confiança na pessoa de Youssef em face aos constantes
atrasos nos repasses", contou Costa sobre reunião com os pepistas.
Segundo a Procuradoria, pagamentos eram feitos em espécie, por
transferência bancária, depósitos no exterior ou doações de campanha.
Presidente do PP e falando pelo partido, Nogueira afirma que as
declarações de Youssef são "denúncias irresponsáveis". Diz que jamais
ouviu falar em propina e que a grande maioria dos quadros da sigla foram
citados por supostas irregularidades envolvendo doação de campanha.
A Folha não localizou os outros parlamentares do PP.
Editoria de Arte/Folhapress | |
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