A euforia virou desencanto e tem levado profissionais que se animaram
com as perspectivas do país em meados da década passada a buscar uma
porta de saída.
Mais de 80% dos executivos brasileiros, por exemplo, se diziam dispostos
a deixar o país para trabalhar no exterior no ano passado. Em 2013,
eram 62,6%, segundo pesquisa feita pela multinacional de recrutamento
Hays em parceria com o Insper.
A Michael Page, outra gigante do setor de recursos humanos, diz que, de
cada dez altos executivos que aborda atualmente, três ou quatro
mencionam o interesse de trabalhar no exterior. Em 2008 e 2009, essa
relação não passava de 10%.
Muitos profissionais qualificados têm transformado essa intenção em ação.
A tendência começa a se refletir em dados como o aumento nos pedidos de
vistos para alguns países desenvolvidos após uma fase de recuo que
coincidiu com o boom da economia brasileira e a crise financeira
internacional.
O economista Bruno Amaral, 30, havia voltado para o Brasil em 2010 após uma temporada trabalhando fora.
"O país estava explodindo de crescimento [alta do PIB de 7,5% em 2010].
Eu queria ser parte daquilo", diz. Dois anos após voltar, conta ter
percebido que se equivocou.
"Tinha trocado de emprego no Brasil e ido para o setor automotivo para
cuidar da área financeira. Mas minha principal missão era redução de
custos. Já era um sinal de que as coisas não iam bem."
Acabou conseguindo que a multinacional Chassis Brakes International,
para a qual trabalha, o transferisse para a França no fim de 2013 como o
principal executivo de finanças na Europa.
Segundo Amaral, a capacidade dos brasileiros de enfrentar turbulências é considerada um ativo por empregadores estrangeiros.
"A experiência com crises faz você ser visto como alguém capaz de reagir rápido a cenários adversos."
O percurso econômico turbulento do Brasil, marcado por altos e baixos
conhecidos como "voos de galinha", faz com que a história vivida
recentemente por profissionais como Amaral não seja nova.
A trajetória instável perpetua alguns freios importantes ao desenvolvimento econômico do país.
Empresários relatam ter de operar com sobra excessiva de caixa no país, o que os torna menos eficientes.
O embarque de estudantes estrangeiros, que poderia contribuir para
resolver a falta de mão de obra qualificada, perde fôlego a cada crise.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O Blog Olhar de Coruja deseja ao novo Presidente Jair Messias Bolsonaro tenha grande êxito no comando do nosso País.