Projeto ambicioso do ex-presidente Lula, o Memorial da Democracia está
congelado. Idealizado para ocupar uma área de 4.300 metros quadrados no
centro de São Paulo, reunindo peças do acervo pessoal de Lula, ele vai
virar um site na internet.
Originalmente, o memorial seria um museu interativo contando a história
da democracia brasileira. Lula almeja a obra desde 2010, quando deixou a
Presidência.
Mas a crise provocada pela Operação Lava Jato, que secou a torneira de
tradicionais doadores, e a presença de um grupo de sem-teto no terreno
reservado para o museu soterraram os planos. A instalação do prédio
esbarra ainda em obstáculos legais.
Em 2012, quando o ministro Gilberto Kassab (Cidades) era prefeito de São
Paulo, a Prefeitura cedeu um terreno para a construção do memorial. Mas
uma decisão liminar da Justiça impede a Prefeitura de assinar o
contrato de concessão, sob ameaça de multa de R$ 500 mil por dia.
Dificuldades de arrecadação inviabilizaram a busca por um outro
endereço. Com isso, o plano agora é ficar só com o portal na internet.
No mês que vem, será lançado um primeiro módulo do site, detendo-se no período que vai de 1964 a 2002.
"Depois vamos ver no que vai dar", limita-se a dizer o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, responsável pelo memorial.
Em desenvolvimento há um ano e meio, o site tem tomado muito do tempo de
Lula, que se reúne com assessores e colaboradores para discutir seus
detalhes.
A ideia é recontar a história da democracia no Brasil desde os
primórdios, começando pelas revoltas indígenas e dos escravos ainda no
século 17, até a chegada do petista à Presidência, em 2003.
Apu Gomes/Folhapress/Divulgação | ||
Área doada pela prefeitura na gestão Kassab (à esq.), e desenho do memorial planejado pelo Instituto Lula |
Segundo a Folha apurou, aliados convenceram o ex-presidente a
deixar seu governo de fora do Memorial da Democracia, já que a sua é
ainda uma história em construção. Muitos apostam que Lula sairá mais uma
vez candidato à Presidência em 2018.
O portal terá entre os atrativos jogos interativos, para crianças, o que
incluirá uma animação sobre o impeachment do ex-presidente Fernando
Collor de Mello, em 1992, hoje senador que se transformou em aliado do
PT.
Entre outras coisas, segundo interlocutores, Lula pediu para minimizar o
seu papel no capítulo dedicado às greves no ABC Paulista no final dos
anos 1970, quando despontou nacionalmente como líder operário. Ele teme
que o memorial se torne um monumento à sua imagem.
Entre os aliados do ex-presidente, há ainda quem defenda que se crie um capítulo específico sobre a chegada do PT ao poder.
Okamoto não quis comentar se a crise provocada pela Lava Jato afugentou
doadores para a instalação do memorial físico. Disse apenas que
preferiria falar sobre o assunto com a proximidade do lançamento do
portal.
Com a explosão do escândalo da Lava Jato, Lula teve que deixar de lado o
memorial e se preocupar com o futuro, e chegou a participar de reuniões
com senadores do PT e do PMDB, além de atividades de defesa da
Petrobras
Memorial da corrupção?
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