A ex-presidente da Petrobras Graça Foster deve se desligar da Petrobras após sua renúncia ao cargo, formalizada na sexta-feira. A Folha
apurou que, além de Graça, ao menos outros dois dos cinco ex-diretores
que deixaram a estatal na semana passada também já formalizaram sua
saída: Almir Barbassa e José Carlos Cosenza.
Aldemir Bendine, que até então presidia o Banco do Brasil, assumiu o lugar dela à frente da petroleira.
Graça já tomou a decisão de deixar a companhia e gozar a aposentadoria,
algo em que vinha aventando nas últimas semanas. Ela era funcionária da
Petrobras desde 1981 e já havia se aposentado, mas continuava a trabalhar. A Petrobras não informou quando ela requereu sua aposentadoria.
Nos últimos dias, a executiva e os cinco colegas que se demitiram –José
Santoro, José Formigli, José Figueiredo, além de Barbassa e Cosenza–
mostravam-se emocionalmente "desgastados" após a divulgação do balanço
da estatal.
BALANÇO
A divulgação do número de R$ 88,6 bilhões, estimada como baixa que
deveria ser feita nos R$ 300 bilhões que a empresa tem em ativos, foi o
estopim para a decisão conjunta de saída dos seis.
Bendine buscará investidores nacionais e internacionais para tentar tranquilizar o mercado sobre os rumos da empresa.
Segundo a Folha apurou com integrantes do governo, o executivo
fará uma teleconferência até a próxima sexta (13) a fim de acalmar
acionistas e empresas preocupados com a situação da petroleira diante do
escândalo de corrupção que tem afetado as contas da companhia.
No contato, conforme relatos de interlocutores, ele prometerá ganhos aos
acionistas e procurará garantir a rentabilidade em meio à novela do
balanço não auditado.
AUDITORIA
A Deloitte, o BNP Paribas e a Petrobras levaram 20 dias para chegar aos
R$ 88,6 bilhões que deveriam ser baixados do balanço. A ideia inicial
era estimar o efeito do esquema de corrupção nos contratos tocados por
empreiteiras denunciadas na Operação Lava Jato.
A metodologia usada, porém, acabou incorporando fatores de mercado e
ineficiências nas licitações e nos projetos, e, por isso, a decisão de
dar baixa no valor usando-o como parâmetro acabou abandonada. Ainda
assim, decidiu-se por sua divulgação.
"Sabíamos que seria um número alto, mas nos surpreendeu", disse uma pessoa que acompanhou o cálculo.
A iniciativa dos diretores foi tomada depois de eles terem verificado
que a divulgação do número, algo que defenderam desde a conclusão dos
cálculos, foi mal recebida no Planalto.
O número foi divulgado na quarta-feira, 28, um dia após uma tensa
reunião do conselho de administração da empresa, em que os quatro
principais representantes do governo no colegiado –Guido Mantega e
Miriam Belchior, ex-ministros; Márcio Zimmermann, secretário executivo
de Minas e Energia; e Luciano Coutinho, presidente do BNDES, defendiam
sua não publicação.
Pelo menos cinco conselheiros, entre eles Graça, apoiavam a medida. A
defesa dela pela publicidade ao número baseou-se no apoio recebido
previamente dos colegas diretores, antes de dirigir-se para a reunião.
A decisão de saída do grupo foi comunicada, então, por Graça à Dilma em
30 de janeiro, dois dias depois de divulgado o número. Assim, o pedido
de demissão coletivo ocorreria sete dias depois, na reunião do conselho
de administração.
No começo da semana seguinte, porém, veio a público a saída de Graça da
Petrobras. Com isso, Graça foi novamente chamada a Brasília, na
terça-feira, 3, e ouviu de Dilma o pedido para que a diretoria ficasse
até março, enquanto novos nomes fossem encontrados.
Naquele mesmo dia, os cinco diretores receberam a orientação da
presidente, transmitida por Graça, com indignação. Não concordavam com a
versão de que, em vez de pedirem demissão, foram demitidos, o que levou
à renúncia coletiva quase imediata.
Isso é que "castigo merecido"!!!
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