25/1/2015 16:30
Por Antonio Lassance - de Brasília
Por Antonio Lassance - de Brasília
O PT
quer saber o que aconteceu para ter gerado tanto ódio contra si, por
que passou tantos apuros nas últimas eleições e por que razão muitos dos
beneficiados por suas políticas votaram na oposição.
Para entender do antipetismo, o partido pretende realizar uma série
de debates e discussões chamando aqueles que são seus críticos.
“Podemos fazer convites pontuais a jornalistas, economistas, gente da academia, de preferência críticos ao PT, para ajudar nessa reflexão”, disse o secretário-geral do PT, Geraldo Magela (“PT chama ajuda externa para tentar mudar”, O Estado de S. Paulo, 18/1/2015).
Quer dizer que, com o antipetismo em alta e o petismo em baixa, o
partido achou por bem pedir a alguém do caminhão que o atropelou para
dar marcha à ré e passar novamente por cima? Será, assim, mais fácil
anotar a placa?
Os debates podem até não dar em nada, mas o secretário-geral do PT
pode ter alguma chance de ganhar o Nobel de Medicina se conseguir provar
que chutes na canela ajudam a oxigenar as ideias.
O partido já tem uma tradição de grande generosidade com muitos de seus críticos, desde que não sejam os de esquerda.
Críticos de direita são regularmente chamados para financiar
campanhas, assessorar candidatos, compor os governos e serem contratados
para consultorias.
Com verbas publicitárias, o PT patrocina benevolentemente
a mídia que mais desqualifica não só o partido e seus dirigentes, mas
seus filiados e eleitores, que são tratados como cúmplices de bandidos
ou, na melhor das hipóteses, burros.
A tevê e a mídia impressa recebem proporcionalmente muito mais em
publicidade do que se justifica pelos hábitos de consumo de informação
dos brasileiros, comparando-se ao que o rádio e a internet deveriam
receber. O que justifica o disparate? Só pode ser amor. Não
correspondido, mas, ainda assim, amor.
Em um debate profícuo, o bom senso pede que se chame quem realmente tem
algo a dizer. Gente que normalmente traz questões contra e a favor de
alguma coisa. Gente disposta a discutir transformações, e não apenas a
fazer comentários.Mesmo que fizesse discussões abertas, ancoradas
exclusivamente por petistas de carteirinha, como Tarso Genro, Marco
Aurélio Garcia, Gilberto Carvalho, Emir Sader e Márcio Pochmann, o PT já
proporcionaria um senhor debate.
Se preferir não filiados, seria bom lembrar que o Brasil tem nomes
como Venício Lima, Bernardo Kucinski, Luis Nassif e os integrantes do
coletivo Intervozes, para dicutir comunicação.
Tem João Pedro Stédile, Guilherme Boulos e os jovens do Movimento
Passe Livre, para discutir participação política e relação com os
movimentos sociais. Se quiser um pesquisador de renome, tem, dentre
outros, Leonardo Avritzer.
Para discutir economia brasileira e cenários internacionais, tem José
Luís Fiori, Maria da Conceição Tavares, Luiz Gonzaga Belluzzo e Paulo
Nogueira Batista Jr.
Para discutir gestão pública, combate à corrupção e reforma
política, tem o juiz Márlon Reis, o ex-ministro da CGU, Jorge Hage, e,
na academia, críticos muito qualificados, como Wanderley Guilherme dos
Santos e Vladimir Safatle.
Independentemente da posição que tenham, seja ela favorável ou
contrária ao PT e seus governos, o mais relevante é que todos esses são
críticos argutos da realidade brasileira.
Acima de tudo, são pessoas com algo muito importante a dizer nesse momento por que passa o Brasil.
Se o PT quer ou não ouvi-los é problema do PT.
Antonio Lassance, é cientista político.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O Blog Olhar de Coruja deseja ao novo Presidente Jair Messias Bolsonaro tenha grande êxito no comando do nosso País.