O Datafolha traz hoje a maior taxa de pessimismo
quanto à inflação que registrou em mais de 20 anos. Nota-se também
recorde negativo na percepção sobre o poder de compra dos salários.
O cenário se completa pelo índice expressivo dos que esperam alta no
desemprego nos próximos meses. O percentual supera, pela primeira vez na
era petista, os 60%.
Dilma Rousseff inicia o segundo mandato com a maior parte da população
reprovando seu governo, algo que não acontecia a um presidente desde
março de 2000, quando 43% consideravam ruim ou péssima a gestão FHC.
Editoria de Arte/Folhapress |
Em relação ao desemprego, a taxa dos que esperavam o pior alcançou, na
ocasião, 72%. O resultado refletia a política cambial adotada após a
vitória nas urnas, iniciativa descartada na campanha.
Agora, a maioria identifica mentiras no discurso de Dilma na corrida eleitoral.
A composição polêmica do ministério, alta de preços, apagões e estiagem
em áreas populosas são fatores que frustram parcela significativa do
eleitorado, inclusive os mais fiéis –no Nordeste, a aprovação da petista
caiu de 53% para 29% e a de reprovação subiu de 16% para 36%.
É compreensível, assim, o fato de 54% julgarem Dilma "falsa" –ante 13%
em 2012. Mas o desgaste dos atributos de imagem da petista e do PT
guardam correlação também com a repercussão da Operação Lava Jato e de
suas consequências para a Petrobras.
O episódio elevou a corrupção ao patamar de um dos principais problemas
do país para os brasileiros, com percentual de menção espontânea próximo
ao da saúde e superior ao da segurança.
Nessa espécie de ressaca democrática que o Brasil vive às vésperas do
Carnaval, resta saber o quanto a população absorverá das propostas para
remediar a economia e a credibilidade do país.
A eficiência demonstrada pela equipe de comunicação na campanha de Dilma
está posta à prova, agora para reverter o próprio feitiço.
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